terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Viva as praças produtivas!

Ajude-nos a manter o Espiral de Ervas.
Há um regador azul nas dependências da Vila das Artes, se por acaso alguém de vocês estiverem por lá, peça o regador (comprado com o intuito de servir o espiral) para alguém da manutenção da Vila (o Paulo pode ajudar), encha-o de água e regue de vida as plantas (babosa, alecrim, boldo, manjericão, menta, tomilho, arruda, hortelã e gergelim) que tanto precisam, pois estão em fase de desenvolvimento.
Você vai se sentir bem melhor depois de aguar as plantas.
Agradecida a todos pela ajuda.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Transitus Sentidus







Vozes e gestos se fundem.
Barulhos latentes ganham status de sinfonia urbana.
Sinfonia rotineira. De gestos repetidos. Compassos ligeiros. Caminhadas coreografadas. O ir e vir da labuta. Corpos se cruzam. Palavras se misturam. Risos fazem e se desfazem. Olhares da pressa. Olhares urgentes. Olhar de por que. Olhar de pra quê. E nesse cenário-semáforo do “Pare” e “Prossiga”, eis que surge o Livro. Que sem pretensões de se perfazer, aparece para integrar-se, fazer parte ou agregar beleza as coisas ditas comuns. Com sutileza ele pede licença pra entrar. Não sabe ao certo porque nem pra quê. Mas se insere bem no espaço dos ruídos quase coral. Entrecruzamento das linguagens. O livro é fixo ou móvel?. Uma luta entre a interioridade e a exterioridade, o mundo subjetivo e o objetivo, como se houvesse uma impossibilidade do trânsito da intimidade. O carro pára. E a humanidade continua a transitar. Sempre com uma via de destino único, voltar pra casa.
Eva Duarte

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Sobre cidades seus caminhos e labirintos

Paisagens Urbanas (vídeo)
Nelson Brissac Peixoto

Falas da filósofa Olgária Matos

"Há pelo menos duas maneiras de nós abordarmos uma cidade. Existe a cidade superficial, racionalista, aquela onde triunfa a linha reta, onde o caminho que nós tomamos para chegar a uma determinada finalidade é o caminho da rotina, da repetição, do mesmo. Existe uma outra abordagem da mesma cidade, que não é a abordagem da cidade superficial, mas é aquela cidade subterrânea, a cidade da memória e é a cidade labiríntica."

"O caminhar pela cidade, ele pode nos surpreender a qualquer momento, desde que nós estejamos distraídos, desde que esse caminhar possa estar aberto para o inesperado. Esses lugares que têm o dom da profecia, ou seja, são capazes de nos fazer prever a nossa própria vida no instante mesmo em que nós nos deparamos com ele, depende apenas do acaso que nós o encontremos ou nunca o encontremos."

"A memória labiríntica é aquela que nos permite o acesso à cidade subterrânea que há em cada um de nós. Cada um de nós se assemelha mimeticamente à cidade na qual ele vive. Mas nós só temos acesso a essa cidade, a nossa própria história, através de uma memória involuntária, pois é uma memória inintencional e o inesperado de um detalhe do espaço ou de um acontecimento no tempo que podem transformar inteiramente o acesso a nossa própria história. Reabrir, por exemplo, o nosso passado."

"A rua é o único campo válido da experiência moderna. Porque uma rua, ela não é um espaço abstrato. Uma rua, ela concentra memórias e sentimentos. Uma rua é um lugar onde uma guerra aconteceu, um amor acabou, algo se passou. E a rua também, ela é testemunha dos grandes acontecimentos históricos. Por isso que a rua lateja fora e dentro daquele que vai mapeá-la, que vai atravessá-la."

"... os olhos se transformaram em dispositivo de segurança."

"Diz-se das cidades modernas que elas são heraclitianas: nós não passamos duas vezes na mesma rua sem que ela tenha mudado. Portanto, sem os suportes objetivos da memória, com o desaparecimento de ruas, monumentos, objetos que eram referenciais de nossa história, apenas a memória infantil é capaz de manter na subjetividade, na forma do segredo, esse contato e esse pacto interno com a cidade que não é mas a cidade visível, mas é a cidade invisível da sua própria memória. A criança desconhece o tempo de decadência. P ara uma criança uma cidade nunca é decadente. Porque o objeto mais recente da produção em série, como o objeto mais antigo, digamos, do tempo dos faraós, tanto um quanto o outro é visto pela criança pela primeira vez. Uma cidade, ela não se faz e não fica com aquilo que nós gostaríamos que ela tivesse e com aquilo que nós gostaríamos que nela ficasse. A cidade, ela não se faz com espaço. O arquiteto normalmente trabalha com o espaço, mas ele deveria trabalhar com o tempo. Portanto a cidade não é a ordem espacial, a cidade é a desordem das lembranças."

"As grandes galerias construídas no século XIX em ferro e vidro, elas são ao mesmo tempo o interior e o exterior. Porque o vidro, na sua transparência, torna possível essa indefinição entre o que é interno e o que é externo. Isso significa que também na nossa própria vida nós não temos mais a possibilidade de detectarmos com clareza o que é externo a nós e o que é interno. Assim, as ruínas da cidade, aquilo que entrou em estado de decomposição, que ruiu antes de envelhecer, porque a modernidade se caracteriza pela impossibilidade do envelhecimento, essas ruínas nas grandes cidades são nossas ruínas internas."

"O fisionomista é aquele que percorre a cidade para reconhecer no exterior o interior. Ou seja, para ele o interior e o exterior são inseparáveis. O mundo está todo dentro e ele se encontra todo fora de si. Ou seja, assim como certos espaços citadinos são uma extensão da sua própria vida interior, esses objetos também participam da sua subjetividade. Então, percorrer as cidades como um fisionomista é captar uma espécie de circulação sangüínea tanto nas ruas, quanto nos monumentos, quanto nos sinais que essa cidade apresenta, porque de alguma maneira estes objetos lhe contam alguma história."

"A fotografia reproduz em série a mesma cena, a mesma personagem, mas ela possui também a aura de uma inesperada presença. O que é a aura de um determinado objeto? A aura é esse sentimento de que nós olhamos o objeto e que ele nos devolve o olhar. Então, uma foto nossa, mesmo que ela seja uma foto preparada, ela nos devolve aspectos desconhecidos nossos. Então ela é fonte de auto-conhecimento."

Transcrito por Andréa Havt em outubro de 2000

Diário de Campo 18

gente arteira,
em meus estudos semióticos, tenho pensado em como abordar nossas trajetórias, nossos percursos, nossas ações a partir da teoria semiótica peirceana.

das leituras recentes, desloquei uma citação que, me parece, pode ser um ponto de partida para essa discussão.

nesse caso, de forma simples,
nosso OBJETO DINÂMICO é a cidade, é Fortaleza, em si.
e cada ação e seus registros (vídeos, áudios, fotografias, anotações, etc) são OBJETOS IMEDIATOS, SIGNOS, da cidades.


Do livro Semiótica Aplicada (2002), de Lúcia Santaella:

"Dependendo do fundamento, ou seja, da propriedade do signo que está sendo considerada, será diferente a maneira como ele pode representar seu objeto. Como são três os tipos de propriedades - qualidade, existente ou lei -, são também três os tipos de relação que o signo pode ter com o objeto a que se aplica ou que denota.

Se o fundamento
é um quali-signo [qualidade], na sua relação com o objeto, o SIGNO será um ÍCONE;
se for um existente, na sua relação com o objeto, o SIGNO será um ÍNDICE;
se for uma lei, o SIGNO será um SÍMBOLO.

Há uma distinção que Peirce estabeleceu para o objeto que pode nos ajudar a compreender melhor as relações do fundamento do signo com seu respectivo objeto.

Essa distinção é a do OBJETO DINÂMICO e do OBJETO IMEDIATO.

Quando olhamos para uma fotografia, lá se apresenta uma imagem.
Essa imagem é o signo
e o objeto dinâmico é aquilo que a foto capturou no ato da tomada a que a imagem na foto corresponde.

O modo como o signo
representa,
indica,
se assemelha,
sugere,
evoca
aquilo a que se refre é o objeto imediato.
Ele se chama imediato porque só temos acesso ao objeto dinâmico através do objeto imediato, pois, na sua função mediadora, é sempre o signo que nos coloca em contato com tudo aquilo que costumamos chamar de realidade."

OBS.: os grifos são meus.

9.12.8.
Rodolfo Silva

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Diário de Campo 17

olhar a cidade de cima,
deslocar-me do chão,
ver na tela uma foto de um dia qualquer,
a avenida, a praça, o trajeto.
em busca de semáforos e seus tempos, as faixas.

transeunte quieto.
tangência.



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quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Caçando cores.

Fachada do Cine São Luis (às 14h):

.Siena Tostada.

.Azul Ultramar.

.Verde Floresta.

.Vermelho Carmim.

.Siena Natural.

.Cinza Claro.

.Negro Humo

.Branco Amarelado.

.Verde Bexiga.

.Cinza Escuro.

.Amarelo Claro.


terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Diário de Campo 16

esboços de novos possíveis trajetos

mapa um: entorno do mercado são sebastião.

à procura de semáforos, seus tempos e sentidos das vias.




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segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Diário de Campo 15

-naveloveravivaunivoracidade
city
cité
CIDADE
1963
augusto de campos


esboço de um trajeto

da idéia da ação na praça,
do mapa do google maps,
do desenho do quarteirão, os sentidos das ruas, as faixas de pedestres, os semáforos.
do desenho dos trajetos.

seguir o tempo do semáforo, andar sob seu comando, seu tempo.
percorrer trajetos fixados no desenho, ida-e-volta.

da experiência de andar na cidade,
num quarteirão qualquer,
em todos os quarteirões?



Rodolfo Silva

1.12.8.